quinta-feira, 27 de maio de 2010

Onde Vivem os Monstros



Vamos direto ao ponto: nunca o universo infantil foi tão bem retratado em película quanto em ‘’Onde Vivem Os Monstros’’. Toda aquela aventura de ser criança, de brincar com os amigos, imaginar mundos distantes e fantasiosos, ganhou uma adaptação à altura nas mãos do diretor Spike Jonze.

Baseado no cultuado livro infantil de mesmo nome, Jonze e o roteirista Dave Eggers tinham a difícil tarefa de adaptar (e expandir) um livro de apenas dez páginas sobre Max, um garoto que, ao desobedecer a sua mãe, acaba embarcando num mundo distante, possível apenas graças a sua fértil imaginação. Lá suas emoções ganham a forma de grandes monstros, cada um uma diferente parte de sua personalidade.

Jonze consegue capturar muito bem esse espírito infantil, começando com os diálogos de Max (a cena em que ele descreve seus poderes, por exemplo: ‘’Eu tenho o dobro do poder e nada no mundo pode ultrapassar ele’’), passando por suas aventuras (correndo atrás do cachorro, montando um iglu) até chegar a sua personalidade, que toma a forma dos tais monstros do título. São eles: Carol (seu lado impulsivo e raivoso), KW (o amor que ele nutre por sua mãe e irmã), Douglas (a razão), e assim por diante. E não são apenas os monstros que demonstram as emoções de Max. A própria ilha em que eles se encontram também reflete suas emoções. Quando todos estão brincando o cenário vira alegre e amarelado, e quando Max é deixado de lado pelos monstros, começa a nevar e a esfriar.

Utilizando de um design extremamente habilidoso, que mistura CGI e fantasias elaboradas pela equipe de Jim Henson, além de uma equipe talentosa de dubladores (James Gandolfini e Forest Whitaker entre eles), as criaturas são totalmente convincentes e ganham contornos de seus dubladores. Carol, dublada por Gandolfini, tem o nariz meio avermelhado, como se estivesse gripada e com a voz anasalada, já que Gandolfini tem uma voz anasalada.

É justamente esse tipo de cuidado com os pequenos detalhes que torna a experiência de se assistir um filme como ‘’Onde Vivem os Monstros’’ uma coisa tão prazerosa. E eu confesso que, quando o filme acabou e tive que me desligar daquele mundo, não pude deixar de me sentir triste e com saudades do tempo em que eu era criança. Bom trabalho, Sr. Jonze.

Onde Vivem os Monstros (Where the Wild Things Are)

Cotação: Ótimo

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