terça-feira, 31 de julho de 2007

Michelangelo Antonioni


Antonioni - 1912-2007


Que semana...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ingmar Bergman

Bergman - 1918-2007

sábado, 28 de julho de 2007

Cartas de Iwo Jima



A fotografia é num tom acinzentado, quase que em preto-e-branco. A cor que se destaca é justamente a do sangue, vermelho.

O tema é quase que de um western, heróico, triste, extremamente melancólico.

O tema central do filme, apesar de alguns dizerem que é sobre a batalha numa ilha japonesa, é sobre a honra. Chega a ser estranho nos dias de hoje ver pessoas se sacrificando pela honra, pela moral, pela ideologia, por um código de respeito.

Clint Eastwood não precisava demonstrar pra mais ninguém que é um grande diretor, um mestre. Já havia discutido as questões levantadas neste filme anteriormente, mas nunca com tanta força.

O elenco é um primor. E o destaque é justamente um ator que quase ninguém comentou: Kazunari Ninomiya, o Saigo. Acredito que ele seja o verdadeiro protagonista do filme, e não o também fantástico Ken Watanabe, o General Kuribayashi.

Clint Eastwood resolveu fazer "Cartas de Iwo Jima" por que achava que não estava sendo justo o suficiente com o povo japonês retratando apenas o lado americano da batalha na ilha nipônica. O objetivo, portanto, foi cumprido, Clint.

Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima)
Cotação: Excelente

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O Bom Pastor


Vamos logo ao ponto: "O Bom Pastor", segundo filme atrás das câmeras de Robert De Niro, é decepcionante. Muito decepcionante, aliás.

O pretensioso projeto de contar a formação da CIA, agência de inteligência norte-americana, é afundado quase que totalmente por um roteiro entediante e uma longa, longa duração.

Escrito por Eric Roth, acompanhamos a vida de Edward Wilson (Matt Damon) e o papel que ele desempenhou durante a segunda guerra até a criação de uma nova força secreta de inteligência, que mais tarde viria a se tornar a famosa CIA.

Por quase 3 horas vezes Matt Damon, que na maioria das vezes é um ator acima da média, ficar com os mesmos olhares vagos e perdidos, a mesma cara de tonto e a mesma postura de um idiota. Angelina Jolie, que interpreta sua esposa, é provavelmente um dos maiores miscasting's da história recente do cinema. A salvação fica por conta do bom, muito bom, elenco coadjuvante: John Turturro, William Hurt -venho gostado mais e mais do ator a cada filme que passa...- e o fantástico Michael Gambon, que talvez tenha o personagem mais interessante do filme -um professor de literatura que talvez seja um simpatizante do nazismo-. Até De Niro dá as caras num pequeno papel. Mas a cereja no topo do bolo é Joe Pesci numa pequena ponta, simplesmente genial.

Falar que roteiro é o principal culpado também seria injustiça; a direção de De Niro é fria e distante, praticamente documental. De Niro leva o filme num tom excessivamente sério, lento e tedioso. Longas cenas sem ninguém dizer ou fazer nada, muitos closes no rosto de Damon e algumas cenas de mau gosto até -a luta na fraternidade é o ápice...-. Há excessões, como a cena do corpo caindo do avião, o flashback da infância de Edward... mas são poucos momentos perdidos num filme que não sabe bem o que deseja contar. Uma hora, é um complô sobre traição e espionagem. 5 minutos depois, vemos uma cena de crise conjugal. O filme não decide entre ser um filme sobre a espionagem ou um filme sobre um relacionamento destruído, e acaba não cumprindo bem nem um nem outro objetivo.

Há quem diga que esse não é um filme pra todo mundo -um dos piores argumentos pra se defender uma obra-. Errado. Podia ter sido um filme pra todo mundo, mas acabou virando um filme pra ninguém.

O Bom Pastor (The Good Shepherd)
Cotação: Ruim

terça-feira, 24 de julho de 2007

Hot Fuzz


Edgar Writh e Simon Pegg chamaram a atenção do mundo cinematografico ao lançarem em 2004 a comédia "Todo Mundo Quase Morto". Quando anuciaram que seu próximo trabalho juntos seria uma tiração de sarro aos "buddy movies" (filmes de ação em que os protagonistas são dois policiais) as expectativas eram altas. E, felizmente, foram correspondidas.

"Hot Fuzz", o novo trabalho da dupla, é uma grande homenagem a esse gênero que explodiu durante os anos 80-90 com a série "Máquina Mortífera" e "Bad Boys". O roteiro da dupla explora todos os clichés e maneirismos possíveis desse tipo de produção, com direito a grandes explosões e muitos tiros.

No entanto, o filme explora muito uma parte que talvez essas outras produções não tenham explorado de maneira tão bem sucedida: a amizade entre os dois protagonistas. O roteiro trata tal relação com toques quase que homossexuais, porém, se você tiver um grande amigo, entenderá a relação entre os personagens de Pegg e Nick Frost (outro remanescente da produção anterior da dupla.

Nicholas Angel (Pegg) é o melhor policial da força de Londres. Ele é tão bom que faz os seus outros colegas parecem ruim. Para não manchar a reputação do departamento, seus chefes o transferem para uma tranquila cidade do interior inglês e aonde ele tem como novo parceiro um policial que não está nem aí para o serviço. Não demora muito para a paz da pequena vila ser perturbada por uma serie de assassinatos em série.

O elenco conta também com outros fantásticos atores ingleses como Jim Broadbent, Bill Nighy e Timothy Dalton. E é o ex-007 que tem a performance mais inspirada do elenco, como um dono de supermercado metido a engraçado.

E apesar da direção de Wright abusar de alguns cortes bruscos e parecer meio vídeo-clipesca algumas vezes, ela presta uma grande homenagem ao gênero, utilizando de várias referências a filmes como "Bad Boys 2" e "Caçadores de Emoção", aquele filmes meio brega do começo dos anos 90 com Keanu Reeves e Pratick Swayze, lembram?

Competente em todos os gêneros que propõe "parodiar", "Hot Fuzz" é, desde já, um dos melhores filmes do ano.

Hot Fuzz (idem)
Cotação: Ótimo

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix


Se "O Prisioneiro de Azkaban" e "O Cálice de Fogo" mostravam sinais de que a série de aventuras do bruxo Harry Potter no cinema só vinha crescendo, encaro este "A Ordem da Fênix" como um retrocesso na série. Enquanto que os filmes de Alfonso Cuarón e Mike Newell tinham uma direção segura, consistente e empolgante, não vejo o mesmo do estreante David Yates. O começo é sensacional e demonstra a vontade de Yates de inovar, com direito a câmera na mão. Toda a sequência no Ministério da Magia também funciona esplendidamente bem, assim como a meia hora final, brilhantemente executada. É quando os personagens voltam a escola que a coisa desanda.

Os eventos acontecem muito rapidamente e, quando o espectador menos nota, já é natal, logo depois o ano letivo já está terminando, tudo muito rapidamente. Faltou uma liga, algo que pudesse juntar melhor os eventos. O recurso, batido, de mostrar eventos através de notícias de jornal funciona bem, porém, nem mesmo isso é suficiente para apagar uma sensação das coisas terem sido todas juntadas e jogadas, sem conexão. Acredito que, em parte, o roteirista Michael Goldenberg tenha sido culpado. Até o quarto filme, tínhamos um roteiro de Steve Kloves que, se não soube como adaptar os dois primeiros capítulos, pegou o jeito pra valer no terceiro e no quarto. Porém, com a mudança, parece que Goldenberg privilegiou certas passagens enquanto que outras ele mal se importar em dar uma conclusão ou explicar melhor. O fato do filme ser baseado no maior livro da série e ter a menor duração não ajuda muito.

O elenco está muito, muito bem. Há de se elogiar Chris Columbus por ter escolhido um trio que funcione tão bem, sozinho ou conjuntamente. Radcliffe tem a sua primeira atuação boa como Potter, Rupert Grint não mais só um alívio cômico e Emma Watson está adorável, apesar de abusar das caretas em algumas partes. O elenco coadjuvante também funciona muito bem, com destaque para Imelda Staunton, desde já mereçedora de uma indicação ao Oscar.

Yates volta para dirigir o próximo filme, "O Enigma do Príncipe", mas espero que Goldenberg não volte a assinar o roteiro. Ou, se voltar, que se pelo menos aprenda a ter um pouco mais de foco.

Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix)
Cotação: Bom

domingo, 15 de julho de 2007

Alpha Dog


Acho Nick Cassavetes -filho do grande John- um diretor subestimado. "Um Ato de Coragem" e "Diário de uma Paixão" podem até não serem grandes filmes, mas acredito que são bastante competentes dentro de suas respectivas propostas. "Alpha Dog", o mais recente trabalho do diretor, mostra um painel da juventude atual de maneira realista e com grandes atuações do jovem elenco. Surpreendentemente, quem rouba a cena é Justin Timberlake, carismático e energético em seu papel. Outro destaque é Anton Yelchin, quem tem seu grande momento no clímax do filme, impactante e emocionante. Apesar de bem construída, a trama principal parece ser deixada de lado em prol da necessidade, as vezes forçada, em mostra o modo de vida daqueles jovens mimados, o que acaba causando uma quebra de ritmo brusca na parte final e impede que o filme passe de "apenas bom" para um "altamente impactante".

Alpha Dog (idem)
Cotação: Bom

Transformers



Quando eu estava na fila ontem, para a pré-estreia de "Transformers" comecei a conversar com um cara que dizia estar esperando por esse filme a 20 anos. Me disse que era fã do desenho antigo e que estava muito ansioso para conferir o filme logo. Eu nunca vi o desenho antigo de "Transformers"... diabos, eu nem tinha nascido naquela época, porém, estava tão ansioso quanto o fã. E nem sabia o por que, já que, diabos, é um filme de Michael Bay!

Pode até ser produzido por Steven Spielberg, mas é um filme de Michael Bay. E eu estava empolgado para ver um filme dirigido por um cineasta responsável por filmes como "Pearl Harbor", "A Ilha" e "Armaggedon". E, mesmo assim, inexplicavelmente, eu não via a hora das luzes se apagarem para que eu pudesse conferir robozões gigantescos se destruindo.

E, devo dizer, que Michael Bay realizou seu melhor trabalho até aqui. Sabendo dosar corretamente ação, humor e até mesmo aquele típico drama "bayniano" (com diretor a imagens com o por do sol ao fundo, musica dramática...) acredito que "Transformers" deve ter sido o único dos grandes blockbusters desde ano que não decepcionou. Pelo contrário: acabou por me surpreender. Vamos logo aos por que's:

Primeiro: Os efeitos são fantásticos. Vai me surpreender muito se a IML não levar um Oscar por esse filme. Acho que desde "Jurrasic Park" nunca vi tamanha evolução na técnica. Todos os robôs são reais, muito muito reais. O climáx do filme, na cidade, é inacreditável de tão bem feito.

Segundo: Shia La Beouf. O jovem garoto -que já está escalado no próximo "Indiana Jones"- toma o filme pra si. Carismático, engraçado, Shia tem tamanha naturalidade diante das câmeras que fica difícil não adorar seu personagem.

Terceiro: Steven Spielberg. Spielberg, durante os anos 80, produziu muitos filmes que acabaram se tornando pequenos clássicos. "Os Goonies", "Gremlins", "O Enigma da Pirâmide", entre outros, e acredito que "Transformers" segue muito a tradição desses filmes. Assim como em "Gremlins", um jovem é surpreendido com um presente de seu pai que se revela mais do que parece ser. Assim como em "Os Goonies", temos um grupo de personagens procurando um tesouro (no caso do filme de Bay, o tal Cubo de Energia). E, assim como em "O Enigma da Pirâmide", temos uma grande, grande evolução nos efeitos visuais.

Claro, Michael Bay ainda sofre de certas afetações ao longo do filme -aquelas benditas cenas em câmera lenta...-, porém, se continuar nesse caminho, quem sabe ele não realiza um grande filme de ação?

Sonhar é possível...


Transformers (Idem)
Cotação: Bom

sábado, 14 de julho de 2007

Zodíaco

David Fincher cresceu na baía de São Francisco durante os anos 70. Presenciou as inúmeras ameaças feitas pelo serial killer conhecido como Zodíaco contra os habitantes da cidade e, assim como a maioria de seus habitantes, temeu por algum tipo de ameaça ou atentado.

O diretor Richard Fleischer filmou "O Homem que Odiava as Mulheres" em 1968 contando com interpretações fantásticas de Henry Fonda (como um investigador da polícia de Boston), Tony Curtis (como o estrangulador) e George Kennedy (interpretando um parceiro do personagem de Fonda). Fleischer realizou o filme cerca de 1 ano antes do misterioso Zodíaco começar sua "caçada" pelo "animal mais perigoso de todos" devido a grande repercussão que os assassinos na cidade Boston ocorridos em 62-64 geraram em todo os Estados Unidos.

Fincher pode até dizer que não, mas é quase inegável que tenha se inspirado no filme de Fleischer. Desde os policiais obcecados com o caso até o tom quase que documental com que a história é narrada, "Zodíaco" tem muitos elementos retirados do filme de 68. E, se você começar a perceber as simelhanças entre "Zodíaco" e outros filmes, achará também em "Todos os Homens do Presidente", "Perseguidor Implacável" e - por que não?- até mesmo no próprio "Seven".

Porém, essa não é uma comparação entre os dois filmes, e sim uma crítica sobre o filme de Fincher. "Zodíaco" começa com o assassinato de dois jovens num carro, Ela morre, ele não. Algumas semanas depois, uma carta é enviada a redação do San Francisco Chronicle em que seu redator confessa ter matado a jovem no carro, além de mais duas garotas no natal de 68. Junto com a carta, vem um código em que o assassino diz que quem decifra-lo irá descobrir sua real identidade.

"Zodíaco" é uma filme sobre a obsessão. Numa das cenas que eu considero chave para o entendimento filme, o personagem de Mark Ruffalo, o inspetor Dave Toschi está parado no seu carro, olhando para a rua, pensativo. Ele sai e vemos na mesma esquina o cartunista interpretado por Jake Gyllenhaal na mesma rua, na esquina. Seria uma simples cena, se logo depois a camêra de Fincher não revelasse que aquela esquina se trata de um dos locais em que o Zodíaco matou um taxista anos antes. Esses dois personagens (ao contrário do parceiro de Toschi, do repórter interpretado por Robert Downey Jr.) estão obcecados por alguém. Alguém que nunca viram, alguém que só se comunicou com eles através de cartas ameaçadoras. Um inimigo invisível, assim como a América pós-11/9 clama ser o terrorismo.

O filme também me parece ser o trabalho mais maduro de Fincher até então. Longe dos maneirismos, cortes rápidos e fotografia borrada que marcaram seus trabalhos anteriores (e não digo isso num sentido prejorativo), Fincher parece estar estranhamente mais calmo. Em partes, devemos dar o crédito a excelente fotografia de Harry Savides (que também realizou um excelente trabalho em "Elefante", de Gus Van Sant), que evoca tons mais antigos, quase que retrôs, numa tentativa acertada de lembrar a atmosfera dos policiais dos anos 60-70. Também do embalo da época está o compositor David Shire, num trabalho que lembra muito aquelas trilhas pré-John Willians: menos grandiosas, porém não menos efetivas. Não só a trilha incidental é muito boa, mas recomendo a vocês também procurarem a coletânia, que inclui nomes como Marvin Gaye ("Inner City Blues"), Jason Donavan ("Hurdy Gurdy Man") e Santana ("Soul Sacrifice").

Porém, acho que o melhor do filme é seu elenco. Vocês todos já devem ter ouvido falar dos excelentes trabalhos de Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., porém, acho que o maior nome no elenco é de Jake Gyllenhaal na pele do tímido e obessivo Robert Graysmith, autor do livro que deu origem ao filme. Desde, acredito, "Donnie Darko", não é surpresa elogiar o trabalho de Gyllenhaal. Ano passado foi indicado ao Oscar de coadjuvante por sua interpretação no belo "O Segredo de Brokeback Mountain", mas é aqui que o ator tem seu grande momento.

Não apenas Gyllenhaal tem seu grande momento, mas também acho que Fincher atingiu seu ápice aqui, realizando uma verdadeira obra-prima sobre a obsessão e sobre os limites do homem.

Zodíaco (Zodiac)
Cotação: Excelente