domingo, 28 de março de 2010

Half Nelson

Ainda sem distribuição no Brasil, ''Half Nel son'' é um filme esmagador com uma perfomance sensacional de Ryan Gosling. Dirigido por Ryan Fleck, o filme nunca tenta humanizar demais os personagens ou dar justificativas para seus problemas e vícios. O diálogo entre os personagens de Gosling e Anthony Mackie serve como perfeito exemplo disso; não há ali um discurso óbvio ou uma lição de moral, apenas dois personagens reais conversando. O trabalho de câmera também funciona nesse estilo, servindo apenas 'observando' os atores a uma certa distância.

Mas o grande show, aqui, é de Ryan Gosling. O ator, que recebeu uma indicação ao Oscar, brilha no filme, num papel difícil, que facilmente poderia cair numa caricatura não fosse sua total entrega ao personagem. É uma atuação sutil, muito mais calcada no olhar e na voz, assim como o filme, que aparenta ser apenas mais uma dramazinho indie mas acaba se revelando um filme maduro e muito bem realizado.

Half Nelson
Cotação: Excelente

domingo, 21 de março de 2010

O Livro de Eli



O mundo pós-apocaliptico já foi explorado diversas vezes no cinema, com particular sucesso na série ‘’Mad Max’’, e é o cenário de ‘’O Livro de Eli’’, novo filme de Denzel Washington.

O filme é dirigido pelos Irmãos Hughes, do fraco ''Do Inferno'', adaptação da brilhante HQ de Alan Moore, com Johnny Depp.

Seguindo a cartilha do gênero, ‘’O Livro de Eli’’ mostra um homem solitário, durão, mas de bom coração, que está numa missão: ele está indo a oeste, carregando a última bíblia do mundo. Obviamente ele não é o único que tem interesse no livro sagrado, já que o vilão Carnegie (interpretado pelo sempre bom Gary Oldman) também está atrás do objeto.

Apesar de se passar num futuro indefinido (o personagem de Denzel diz que 30 anos já se passaram desde a ‘guerra’), o clima é inteiramente tirado de westerns. Temos longos planos contemplativos mostrando a devastação e destruição causadas pela guerra, o próprio Eli é um personagem bastante inspirado no tipo ‘cavaleiro solitário’ que Clint Eastwood imortalizou nos filmes de Sergio Leone e até mesmo um ‘saloon’, que também, como na maioria dos westerns, serve de palco para uma briga.

O que mais me chamou a atenção foi o trabalho de fotografia do filme. A palheta totalmente cinza, com alguns flashes de luz, já é clichê do gênero.. Mas os longos takes nas cenas de ação me impressionaram bastante, principalmente em dois momentos: o primeiro encontro que Eli tem com um bando de bandidos embaixo de uma ponte, que acaba numa luta sangrenta em que só vemos as silhuetas dos personagens, e o tiroteio na casa do casal inglês em que câmera vai e volta por entre buracos de balas nas paredes. Não é muito comum para o gênero, principalmente com o sucesso da série Bourne e suas câmeras ‘na mão’, termos tomadas em que a ação seja vista de um ângulo um pouco mais distante e você consiga ver e entender os movimentos dos personagens, mas o filme escolhe justamente essa opção, o que acaba se revelando uma escolha muito boa. E o fato de que os irmãos escolheram rodar o filme com as câmeras digitais Red deixam o visual ainda mais realista.

Apesar de se achar um pouco mais importante e grandioso do que é (o roteiro confia demais que o público vai deixar de notar alguns erros e furos, além de alguns diálogos bastante fracos), ‘’O Livro de Eli’’ serve perfeitamente como 2 horas de bom entretenimento. O final ainda guarda algumas surpresas, que se não forem exatamente as mais bem feitas dos últimos tempos pelo menos não ficam no lugar comum. E qualquer filme que tenha Gary Oldman de vilão já vira um programa, no mínimo, um pouco mais prazeroso.


O Livro de Eli (The Book of Eli)
Cotação: Bom